terça-feira, 7 de abril de 2009

Azardotas IV


Beta era uma menina da beira, especial pela sua simplicidade. Conseguiu conciliar o trabalho rural, exigido pela profissão dos pais, agricultores, com os estudos que lhe permitiram acabar o ensino secundário e, assim, rumou à universidade, a uma faculdade na capital.

Passou-se um mês, e Beta volta à aldeia escondida na beira (não quis usar a expressão «...aldeia perdida na beira...» para não me acusarem de plágio). Sentia-se uma pessoa nova, tinha alargado os seus horizontes, já não pertencia àquele lugar. Mas os pais continuavam a ser os mesmos. Sempre dedicados a fazer de Beta uma senhora importante, uma doutora. As necessidades monetárias obrigaram, assim, a que eles trabalhassem ainda mais, de sol a sol, para garantirem que dali a uns anos a sua filha deixasse de ser a Beta e passasse a ser a doutora.

Então, de visita aos pais e obrigada a ajudá-los, Ermelinda, sua mãe, grita-lhe: ó Betinha, traz-me cá o ancinho!
Responde-lhe a Beta, farta de estar ali: ó mãe, ancinho? então mas eu é que sei o que é um ancinho?
Beta, danada e impaciente, começa a andar de um lado para o outro, à espera que o sol se ponha mais rapidamente, pisa algo pontiagudo, de rompante levanta-se um pau, leva com ele na cara e vocifera: Foda-se! Filho da puta do ancinho!

4 comentários:

Hugo disse...

Não sei se isto é fábula popular, ou realidade, mas quer me parecer que aconteceu mesmo, e conheço umas dezenas de suspeitas!

Medusa disse...

O meu paizinho, um verdadeiro sábio, já me tinha contado esta história. Tantas Betas que há por este mundo fora...

Forte Pra Caraças disse...

Eu já tinha ouvido falar dessa beta. Plos vistos, plas Beiras, tb as existem..

Alvacar disse...

Ai... espera lá, será aquela?!...hum deixa ver!!! É é... Mas também conheço alguns Robertos, Betos portanto, que também devem ter batito com os cor*** nalgum pilar da faculdade para se esquecerem de alguns artefactos rurais... Badamerda para eles.

Saudações de um do Monte